Na Fjällräven Polar deve estar um frio de rachar. Porque é que eu quero tanto ir mesmo assim?
Cinco razões porque quero muito ir à Fjällräven Polar e porque você também devia querer estar nesta expedição (mesmo que leve a botija debaixo do casaco).
Mais conhecida entre nós pelas mochilas, a verdade é que a Fjällräven tem coisas muito mais interessantes. Como por exemplo, a Fjällräven Polar. Aquilo que começou em 1997 como uma corrida de trenós puxados por cães, inspirada pela lendária corrida Iditarod no Alasca, em 2012 assumiu um novo formato. Surgiu a Fjällräven Polar: os 20 participantes ainda percorriam o mesmo caminho, mas em vez de competirem entre si estavam focados em partilhar conhecimento sobre a vida ao ar livre, procurando inspirar mais pessoas a participarem em atividades ao ar livre durante o inverno. Estas são as cinco razões porque quero muito, muito ir e que espero que o façam pensar que também devia estar com a mesma sensação.
- Devemos fazer coisas nas quais não nos sentimos 100% à vontade
Acabada de sair de um emprego tradicional como diretora de uma publicação feminina, começo a sentir-me mais eu novamente. E, tal como andar de mota, penso que é importante desafiarmo-nos a nós mesmo e obrigar-nos a fazer coisas nas quais não nos sentimos demasiado confortáveis. Não gosto assim tanto de neve e sinto-me apertada em roupa de inverno, ainda assim é sempre bom termos medo e termos o sentimento de que ultrapassamos algo que julgávamos impossível. Na minha opinião, esta sensação de desconforto também nos ajuda a sermos mais criativos.
2. É preciso libertar o nosso lado bom
Estava a ler hoje o último livro da J.K.Rowling – Uma Vida Muito Boa – e cheguei a uma conclusão óbvia: fracassar é importantíssimo, assim como a imaginação. Além disso, gostei especialmente da citação do filósofo Séneca, que a autora cita: “Tal como um conto, assim é a vida: não pelo tempo que dura, mas por quão boa ela é; é isso que importa”. Resumo: porque é que não estamos todos a aproveitar ao máximo? Pode inscrever-se na corrida aqui. Não seja tímido.
3. Não percebo nada de sobrevivência na neve, mas gostava
Tendo em conta que vivo em Portugal, mais precisamente em Lisboa, as hipóteses de nevar são reduzidas. Na rota da Fjällräven Polar em janeiro e fevereiro as temperaturas são de menos 35°C , mas em abril é “mais moderado” com temperaturas de dia entre os menos 15°C e os zero graus. Ainda assim, parte da corrida decorre em terreno aberto e por isso exposto a ventos fortes.
Por isso, se está a pensar o mesmo que eu, qualquer coisa como: “Mas como é que eu me meti nisto”, fique já com o básico. A regra mais importante é manter-se o mais seco possível. Segundo a organização: “Suor, neve e água são tudo ameaças para o seu bem-estar. A água conduz o calor 25 a 30 vezes mais eficazmente que o ar, o que significa que quando molhado, a energia é rapidamente conduzida para longe do corpo”. No entanto, a ideia desta expedição não é tornar os participantes em cubos de gelo, mas sim demonstrar que com o conhecimento certo de como o corpo funciona, com a preparação certa e equipamento de qualidade, tudo é possível. Pode ler mais sobre como o corpo reage ao frio aqui.
4. A vista deve ser espetacular
O percurso estende-se ao longo das rotas tradicionais de migração que foram usadas durante centenas de anos pelos Sami, para reunirem as suas renas, fazendo fronteira com a Noruega, Suécia, Finlândia e Russia. Tromsö, uma cidade universitária localizada na parte norte da Noruega é muitas vezes apelidada de “Porta para o Ártico”, pois é daqui que muitas expedições partem. Localizada a 69°N, o sol não aparece no horizonte entre 27 de novembro e 15 de janeiro. Tirando esta cidade, existem muitos outros pontos que prometem além de vistas de tirar a respiração, algum medo, pânico de estar no meio da vastidão e alguns sentimento de paranóia porque a natureza pode ser algo assustadora. Tirando isto, deve ser espetacular.
5. O mundo é feito de histórias
Tendo em conta que o mundo é feito de histórias e não de átomos, imaginem por momentos comigo o potencial desta viagem. Os locais, os preparativos, as motivações, os desafios, os obstáculos… tanto para contar. Se quer ficar a saber de tudo, o ideal mesmo é votar em mim e pode ser que eu consiga explicar-lhe tudo em língua portuguesa, como é percorrer 300 km, a guiar um trenó puxado por cães, num ambiente que nunca experimentei. Pode ser.