Biológico em Campo de Ourique
Todas as terças-feiras uma antiga padaria no bairro de Campo de Ourique, agora habitada pela Spira, enche-se de produtos frutícolas e hortícolas do país. Tudo produtos biológicos.
A comida é um ato social. Uma forma de nos ligarmos uns aos outros. De aproximar países e continentes. De valorizar tradições e história. “A comida é património não somente como matéria final: a sua história, a sua evolução, os seus ingredientes, a sua proveniência, a sua forma de produção, confecção, o ato de cozinhar e a partilha final que é uma refeição. Tudo isto – tanto a matéria, como a sua mecânica – é património cultural. E, como qualquer outra expressão cultural, quanto mais se consome, mais se reforça a sua dimensão patrimonial”. Quem o diz é Patrícia Azevedo Godinho, programadora cultural da Spira, uma empresa de consultoria cultural, com uma atuação abrangente na área do património, que todas as terças-feiras recebe o PROVE na sua loja em Campo de Ourique.
Sem intermediários pelo meio, o cabaz é criado pelo Recanto da Arrábida , localizada no Pinhal Novo, no concelho de Palmela. A exploração agrícola de Solange Silva e Hélio Julião, dedica-se sobretudo à produção de ervas aromáticas e hortofrutícolas em modo de produção biológico. Este cabaz está inserido no PROVE que, para quem está menos familiarizado com este meio, é uma metodologia que pretende contribuir para o escoamento de produtos locais, fomentando as relações de proximidade entre quem produz e quem consome, estabelecendo circuitos curtos de comercialização entre pequenos produtores agrícolas e consumidores.
Para a Spira, a ideia de serem um ponto de recolha PROVE faz todo o sentido. “A Spira procura aproximar pessoas na partilha de heranças comuns, mostrando, em cada uma das suas dinâmicas, como aproveitar de forma inovadora muito daquilo que já existe: esta opção resulta muito mais interessante do que simplesmente produzir ‘o novo’. O PROVE é um projeto que fomenta a proximidade da relação produtor- consumidor, da autenticidade dos produtos que consumimos (produtos biológicos), do preço justo: a Spira e o PROVE falam portanto a mesma linguagem. Aliou-se ainda uma questão logística: o PROVE não tinha nenhum ponto de entrega em Campo de Ourique, bairro onde a Spira gere um espaço cultural que promove o Património nas suas diferentes formas”, salienta Patrícia. Além disso, a empresa acredita que com esta ação, que faz com que entrem diferentes pessoas, vizinhos e curiosos na Spira, fomenta o contacto humano entre pessoas com vivências diferentes, permitindo criar um espaço de discussão culinária, mas também, muitas vezes, o ponto de partida para algo mais.