Acho que estou viciada em crossfit (e não tenho vergonha de dizer)

Porque é que o CrossFit se tornou tão popular? Bastam 5 sinais para perceber se o CrossFit desempenha um papel essencial na sua vida. Eu assumo a minha parte.

Faço crossfit há três anos (acho) e considero-me uma pessoa normal. Sou casada, tenho dois filhos e trabalho a tempo inteiro. Ainda hoje não me lembro do nome de todos os movimentos, o que muitas vezes me torna alvo de chacota. No entanto, numa recente viagem de trabalho à Índia, dei por mim a investigar as série de Netflix que queria transferir para o telemóvel para ver no avião e, além do Carbono Alterado (sim, têm de ver), acabei por fazer o download do Fittest On Earth. Ao inicio não liguei muito. Mas algo começou a fazer sentido. A que propósito é que eu ia ver um documentário sobre CrossFit? Vendo bem muitas vezes nem me lembro do que é um snatch….

Como tudo começou
Reparem. Gosto imenso de desporto, mas se há três anos atrás me convidassem para um gin no sky bar do Tivoli, provavelmente o CrossFit ficaria de lado. Ou atrás. Ou muito longe. De uma forma ou de outra, o gin venceria. A primeira aula que experimentei foi a convite da Reebok. Na altura tinha mais 10 quilos que hoje, trabalhar era o meu objetivo máximo e para treinar nunca tinha tempo. E explicava a toda a gente. “Não é que eu não goste, mas não tenho mesmo tempo”. Nessa noite, depois de ter ido à CrossFit Alvalade sentei-me no sofá e disse ao meu marido: vais adorar este desporto. Eu não volto lá, mas tu vai adorar.” E adorou. E voltou. E inscreveu-se. E continua a adorar. Mas eu não voltei. Pelo menos não logo. Ao inicio achei intimidante. Demasiado duro. E as pessoas gritavam umas com as outras. E não se conseguia descansar um minuto. E havia suor por todo o lado. E toda a gente sabia o teu nome. E, no meio de tudo isto, o meu marido marcou-me uma aula com o Bruno Militão. E tomem nota: aqui já não fui a convite de ninguém. Fui só mesmo por mim. E, na realidade, foi a completa vergonha. Morri ao tentar fazer 10 abdominais (e achei que tinha disfarçado bem), esforcei-me ao máximo para fazer uns burpees de jeito e quase chorei quando tive de pegar numa corda. Mas percebi uma coisa: corpo só tens um e é tua responsabilidade cuidar dele. Isso e dar o exemplo aos teus filhos. E gostares de ti ao limite, porque é assim que deve ser.

O que aconteceu depois de ter passado a primeira vergonha
Continuo a treinar com o Bruno Militão. E faço as aulas de CrossFit na CrossFit Alvalade Oriente, que não me dá jeito nenhum e é longe de minha casa. Despedi-me e arranjei um trabalho que me permite treinar todos os dias (ou quase). Coloquei a minha saúde e auto estima em primeiro lugar e acho que fiquei a ganhar. Consigo fazer hand stand push up (flexões em pino), levanto 75 kg em front squat e estou prestes a não chamar mais palavrões à corda, tentando fazer duplos. Descobri que adoro dead lift (o meu máximo, até agora, são 100 kg) e que até já sei alguns nomes de exercícios de cor. Os meus filhos têm um orgulho desmesurado em mim e eu também. A gestão do dia a dia cá em casa é feita muitas vezes em função de quem vai treinar e a que horas, mas sem fundamentalismos (ter um marido que também treina, ajuda). Mais do que isso, descobri que CrossFit é muito mais interessante que máquinas num ginásio, desde que bem acompanhada (podem ver as box afiliadas aqui). Em três anos nunca me magoei e todos os dias aprendo qualquer coisa nova. Treinar com treinadores certificados é importante. Não te deixam inventar, mesmo quando já achas que és o melhor do mundo (coisa que nunca me aconteceu, claro…). Sabem o meu nome e isso é bom. Eu também sei o nome de toda a gente que faz a aula comigo e se não souber pergunto. E, quando a aula acaba, há sempre alguém que vem celebrar comigo um movimento novo que consegui fazer, um tempo que consegui bater. Se o meu objetivo é ser a melhor em CrossFit? Não. É só ser melhor todos os dias. Afinal, a competição é só comigo. Adorava escrever mais. Mas não posso. Fiquem com 5 possíveis sinais de que também estão viciados. Ou a começar. Eu tenho de ir treinar.

5 sinais de que estão viciados em CrossFit (ou a começar)

  1. Não acabam de escrever um post, porque têm de ir treinar;
  2. Partilham fotos de mãos arruinadas (normalmente envolve sangue, sujidade, suor e afins), comentam fotos de mãos arruinadas ou têm orgulho em ter mãos arruinadas;
  3. Arranjam espaço no cérebro para decorar os nomes dos exercícios, para não fazerem completa figura de parvos nas aulas;
  4. Tentam recrutar toda a gente que conhecem para ir experimentar uma aula (mesmo as pessoas que não conhecem assim tão bem);
  5. Ficam com borboletas no estômago antes de um WOD. Mesmo. Tipo nervosos.