Legion: a banda desenhada que vai querer ver
Capacidades telepáticas. Poderes telecinéticos. Instabilidade garantida. É por estas e por outras que não vai querer perder um episódio de Legion.
Pode não saber quem é a Tempestade. Nem sequer o Homem de Ferro ou a Kitty Pride. Pode até não gostar do Surfista Prateado ou não concordar com as decisões de Ciclope ou o temperamento do Wolverine. Eu percebo. Sou fã incondicional de Marvel, mas em televisão ou cinema nunca me apetece. Parece sempre que algo se perde. No entanto, após ver o primeiro episódio de Legion, a nova série da Fox, percebi que agora é que era. A melhor parte é que não há expetativas. Aconteça o que acontecer sinto-me à vontade para o aceitar, sem estar sempre a fazer paralelismos com os livros ou com as histórias que conheço. Além disso, é sempre refrescante perceber que existem heróis (será que é um herói?) que não precisam de usar fatos justos, collants ou uma máscara com orelhas (bem sei que o Surfista Prateado também não usa, mas esse começou como vilão, por isso não conta).
Baseado na banda desenhada criada por Chris Claremont e Bill Sienkiewicz, para a Marvel, em 1985, Legion é a história de David Haller, filho de Charles Xavier (o poderoso telepata e líder dos X-Men) que é diagnosticado como esquizofrénico e que passa os últimos cinco anos em instituições psiquiátricas e que começa a achar que existe a possibilidade de não estar louco. Que existe a possibilidade de ter poderes como absorver a mente de outras pessoas e força sobre humana, entre outros, o que o torna num dos mutantes mais poderosos.
A verdade é que muitas vezes não sabe o que é real ou não. E, seguindo a melhor tradição de storytellling, o espectador tem o prazer de passar pela mesma situação. Será que é real ou não? As vozes que ouvimos estão mesmo lá? Será que são memórias? Crises de identidade? A nível de imprevisibilidade e de criação de ansiedade o estilo de filmagem lembra um pouco o Black Mirror, o que quer dizer que não é para fracos, e a banda sonora tanto pode passar de Rolling Stones para o leve tom de uma carrinha de gelados.
Bem, o melhor talvez seja borrifar-se para o dia dos namorados e dedicar-se a uma noite bem passada a rever o primeiro episódio. Ah! Sim. Também pode convidar alguém para o ver consigo. Sempre tem uma desculpa para se agarrar.
Crédito fotografias: Fox Network