Porque é totalmente estúpido querermos ser adultos (e dois filmes que tem de ir ver para despertar a criança que talvez ainda haja em si)

Coco e Paddington são dois dos melhores filmes para crianças para ir ver este Natal. Espere... Esqueça a parte das crianças, deixe de ser tão adulto e deixe-se levar pela imaginação.

Querer ser adulto é talvez uma das coisas mais estúpidas de sempre. Ser adulto significa que temos de nos portar bem, que não podemos chorar em público, que não podemos dizer o que nos vai na cabeça e, muitas vezes, nem sequer aquilo em que acreditamos. Ser adulto significa, na maior parte das vezes, ser uma “seca” e pouco honesto.

Por isso mesmo, como é no Natal que tudo se perdoa, acho que esta é a melhor altura do ano para não sermos adultos. A época em que podemos telefonar a amigos que adoramos e que não vemos à imenso tempo (por nossa culpa!) só porque sim e para lhes lembramos que gostamos deles, que podemos admitir que trabalhar nem sempre é divertido, que há dias em que o nosso chefe é um verdadeiro imbecil, que adoramos Star Wars e que temos um sabre de luz no escritório (sim, é verdade), que preferimos fazer lego em vez do jantar e por aí fora. É também agora que deve aproveitar e ir ao cinema ver dois filmes para “crianças”. Vá ver o Coco e deixe-se levar: chore, soluce e admita que pensou em toda a gente que adora. E, só para se refazer um pouco, salte para a sala do Paddington 2 e ria-se sem limites. Sem tapar os dentes e sem medo de se estar a rir mais alto que toda a gente na sala. Afinal, as luzes estão apagadas!

Paddington 2
O Paddington 2 estreia a 7 de dezembro em Portugal e promete novamente muito doce de laranja e alegria contagiante. Enquanto procura o presente perfeito para o centésimo aniversário da sua querida Tia Lucy, Paddington encontra um livro de pop-up único, e embarca numa série de trabalhos para o poder comprar. Mas quando o livro é roubado, está nas mãos de Paddington e dos Brown desmascarar o ladrão… Para perceberem o quão bom é o filme, o Gastão de 6 anos depois do filme ter acabado, já no carro, perguntou-se se todas as celas das prisões têm um alçapão para os ladrões poderem escapar e ir ver a família. Expliquei-lhe, como é óbvio, que Paddigton é um caso à parte e que na maior parte das prisões também não se come só doces e macarrons. Acho que ele não acreditou e eu não insisti. Vendo bem, também nunca entrei em nenhuma, por isso quem sou eu para falar.

A realização e o argumento são de Paul King e é o segundo filme a adaptar ao grande ecrã a simpática personagem criada, em 1958, por Michael Bond. Os livros estão traduzidos em mais de 30 línguas diferentes.

Coco
Coco é um elogio, a meu ver, a nós próprios. À nossa capacidade (e responsabilidade) de acreditarmos que somos capazes de fazer aquilo a que nos propomos, que a nossa família nos influencia sempre de alguma forma e que também lhe compete a ela apoiar-nos e guiar-nos (e retribuirmos). Coco obriga-nos a pensar nos nossos antepassados, em quem já partiu, de uma forma diferente. Em colocar de parte a dor, o nosso egoísmo de preferirmos não falar do assunto ou de não colocar uma fotografia à vista porque nos lembra sempre do que já perdemos e, em vez disso, em celebramos todo o legado que nos deixaram. Uma visão da morte mais suave e como algo natural no processo.

O cenário como é hábito da Pixar é incrível. Leve lenços de papel e deixe-se levar pelas aventuras de Miguel e pela descoberta. É um filme tão rico que comprámos bilhetes para ir ver uma segunda vez.