A Idade da Pedra é feita de plasticina. E é por isso que é brilhante e tem de ir ver.

A Idade da Pedra é feita de plasticina, em stop motion. Por isso mesmo é que todas as crianças devem ir ver. Para perceberem que há mais do que uma forma de contar uma história. E esta é, provavelmente, umas das melhores. Maleável.

Numa das última edições de janeiro, no Finantial Times Weekend, a entrevista central era com Nick Park, por causa do seu novo filme, A Idade da Pedra. O realizador é vencedor de 4 Óscares, responsável por filmes como A Fuga das Galinhas e Wallace & Gromit: A Maldição do Coelho Homem. Não o reconheci na ilustração que assinala sempre esta entrevista porque para mim o importante sempre foram as personagens que criou e que, de alguma forma, conferiram um toque de excentricidade ao mundo do cinema. Com um sotaque britânico, claro.

A história
O novo filme de Nick Park, A Idade da Pedra, apresenta Dug, um homem das cavernas, que consegue unir a sua tribo contra a poderosa Idade do Bronze numa batalha para vencê-los no seu próprio jogo. No estilo próprio da Aardman, em “stop-motion”, A Idade da Pedra promete levar a família inteira numa emocionante viagem até à pré-história, marcada pela coragem, pela união e pela amizade, com muito futebol à mistura. Não se espante se ouvir, como eu, comentários como “Que fixe”, “Mas foi mesmo assim que nasceu o futebol?” e ainda “Porque é que as raparigas não podiam jogar futebol?”.

Ao Finantial Times, Nick Park admite que o que o fez agarrar na câmara dos pais foi ter visto aos 11 anos, o filme One Million Years BC. Era um fã de dinossauros e foi como um sonho tornado realidade. Mas há mais. Na entrevista ao jornal, Nick Park conta que “aos 13 fiz um filme chamado Murphy and Bongo, uma pequena história de um homem das cavernas e o seu Brontossauro, feitos com plasticina. Nunca pensei que se tornasse nisto”. O “isto” é talvez ter conseguido transformar os filmes de animação em stop motion como algo que queremos todos ver!

Como é que isto se faz com plasticina?
Apesar de os meus filhos adorarem ir ao cinema, a plasticina é algo que os fascina. A Olívia é perita na arte e o Gastão gosta de o poder que lhe dá para criar o normal à sua maneira. O que os surpreende sempre mais é como é possível fazer um filme inteiro de plasticina. Como é possível fazer as personagens andarem ou falarem. Como é possível que uma matéria supostamente morta, ganhe um ânimo tão grande. A minha resposta é sempre a mesma: bem vindos ao maravilhoso mundo das histórias, onde a imaginação se pode manifestar através de muitas forma. Até de plasticina. E, caso tenham muita curiosidade, aproveitem porque Nick Park vai estar na MONSTRA | Festival de Animação de Lisboa, numa conversa aberta, no sábado dia 10 de março.

O que vou fazer depois de ver o filme
A Idade da Pedra demorou mais de um ano e meio a produzir e contou com uma equipa de mais de 30 animadores e 270 fantoches para levar a cabo aquela que é a maior produção alguma vez montada pela Aardman. Está em destaque na 18.ª edição da MONSTRA | Festival de Animação de Lisboa, que decorre entre os dias 8 e 18 de março, no Cinema São Jorge. E vocês não sei. Mas eu, depois de ver o filme, vou rever os episódios da A Ovelha Choné, talvez aproveite o domingo de chuva para apreciar A Fuga das Galinhas e ainda acho que arranjo tempo para os episódios do Wallace and Grommit. Em paralelo, já reforcei o stock das plasticinas favoritas da Olívia (que permitem modelar, combinar cores e depois secam), preparando-me para ter uma casa invadida por dinossauros). Uma coisa é certa: todos serão bem recebidos.